No final de 2021, a Scania apresentava oficialmente a nova geração de camiões que ia revolucionar toda a gama de 13 litros, introduzindo um monte de novidades e melhorando substancialmente as performances do veículo, além de melhorar, ainda mais, também os consumos.
Recentemente, tivemos a oportunidade de testar um exemplar da Scania Super equipado com o novo propulsor DW6 na versão de 500 CV e com a cabina do tipo “S”.
As novidades da nova geração Super, residem principalmente nos novos chassis, novos motores, novo eixo traseiro, novo tratamento de gases de escape e novos depósitos de combustível.
A primeira coisa a chamar à atenção no Scania 500 S que testámos, foi logicamente o exterior do veículo, nomeadamente o lettering “SUPER” posicionado na parte superior da grelha do radiador e os badges relativos, na parte inferior das portas.
A geração Super está já preparada para ser equipada com o novo sistema de retrovisores com câmaras. O nosso camião, todavia, ainda estava equipado com os tradicionais espelhos, foi pena, porque poderíamos ter tido a possibilidade de analisar também a qualidade e o desempenho do novo sistema com câmaras.
Para um camião Super, um chassis Super!
Todos os componentes de um camião são assentados sobre uma estrutura: o chassis. Sendo este, a “espinha dorsal” de qualquer camião. Por este motivo os engenheiros da Scania, decidiram melhorar as características e aumentar a modularidade do chassis que se destinava para esta nova geração Super. Para um camião Super, um chassis Super!
Robustez, flexibilidade e modularidade são a base do novo conceito destes chassis, designado por MACH (Modular Architecture Chassis), o qual visa melhorar o potencial de carga útil, bem como facilitar e aumentar as opções de construção de carroçarias e outras supra-estruturas, oferecendo mais adaptabilidade na disposição dos elementos, visando melhorar a distribuição do peso e a criação de espaços livres para outros fins.
A eficiência reside numa Super cadeia cinemática
A nova geração de camiões Super da Scania, está preparada para liderar o mercado dos transportes com uma ferramenta de trabalho extremamente eficiente, ao longo da próxima década, sendo prontos para enfrentar os desafios dos transporte do amanhã.
Toda a eficiência de um camião, começa pela cadeia cinemática, sendo o motor, a caixa de velocidade e o eixo traseiro, os importantes elementos que a compõe.
Os novos e potentes motores Super de 13 litros, a nova caixa de velocidades Scania G25 e G33 Opticruise da Scania e o eixo traseiro de redução única Scania R756 fazem o casamento mais de que perfeito.
Desempenho do motor melhorado
Os novos propulsores Super da Scania, de 6 cilindros em linha de 13 litros, todos eles respeitando a norma Euro 6, estão disponíveis com 4 potências: 420 CV com um binário de 2.300 Nm, 460 CV com um binário de 2.500 Nm, 500 CV com um binário de 2.650 Nm e 560 CV com um binário de 2.800 Nm. Todos eles proporcionam o máximo do binário já a partir das 900 rpm. Graças à extraordinária combinação destes motores com as caixas Scania Opticruise G25CM e G33CM e o eixo traseiro de redução única Scania R756, a Scania conseguiu permitir consideráveis reduções nos consumo de combustível.
Olhando para o motor, o novo bloco único da cabeça é o elemento que salta imediatamente à vista e que o distingue externamente da geração anterior.
Interiormente, as novidades são muitas:
- o novo bloco da cabeça único com dupla árvore de cames (DOHC); entradas e saídas de gases melhoradas, visando aumentar o fluxos dos gases; conjunto das válvulas mais robusto e preciso, para permitir garantir e acompanhar a melhor performance dos novos motores;
- o sistema de travagem integrado CRB (Compression Release Brake), que oferece até 350 kW de potência de travagem e cujo peso é de apenas 7 kg; o cliente pode optar por ter o camião equipado exclusivamente com o CRB ou, opcionalmente. associar também o retarder Scania R4700D, em caso tenha que aumentar o poder de travagem e assegurar a velocidade mais adequada ao enfrentar percursos morfologicamente exigentes — é claro que a utilização dos dois sistemas reduz o desgaste e aumenta o valor residual do veículo;
- no interior do motor, a resistência mecânica provocada pela fricção dos vários componentes foi reduzida, apoiada também através da utilização do lubrificante para motores Scania LDF-5 — um factor importante pela redução dos consumos;
- os novos motores Scania Super são equipados com a nova tomada de força ED10R WBP1 — ED-PTO (Engine Driven Power Take-Off) —, uma solução capaz de satisfazer as mais exigentes aplicações; a ED10R WBP1 é mais eficiente, tendo sido diminuído o atrito e aumentada a potência até 238 kW e um binário até 1.000 Nm; esta ED-PTO oferece uma vasta gama de interfaces, incluindo aplicações com bombas hidráulicas;
- o sistema electrónico de gestão integrada tem uma maior capacidade de processamento de dados, providenciando uma maior capacidade de computação e elaboração das informações provenientes dos mais variados sensores e componentes, como também do sistema de gestão da caixa de velocidades;
- o compacto sistema de pós-tratamento dos gases do motor foi melhorado, aumentando a largura das saídas para baixar a pressão e velocidade dos gases de escape;
- o sistema de pós-tratamento de escape Twin SCR da Scania, leader mundial na indústria, conta com um segundo injector de AdBlue, colocado logo a seguir do turbo, o que contribui para melhorar substancialmente o tratamento, permitindo respeitar as normas sobre as emissões de gases existentes e futuras, prevista em todo o mundo;
- todos os motores da gama Scania Super são compatíveis com os combustíveis de baixas emissões como o HVO e o biodiesel/FAME, com uma redução de 90% e até 66% nas emissões de CO2 respectivamente, comparativamente ao diesel tradicional.
Os novos motores Super têm um extraordinário binário, já a partir das 900 rpm. É também por isso que podem proporcionar uma extraordinária poupança de combustível de até 8%, com a nova cadeia cinemática.
G25 e G33, as caixas de velocidades de alta tecnologia para a próxima década
Um grande motor, exige uma grande caixa de velocidades! Para acompanhar a eficiência dos novos motores Super, a Scania mete à disposição as caixa de velocidades de alta tecnologia preparadas para enfrentar os desafios da próxima década, duas recém nascidas, também elas altamente eficientes: a G25CM, compatível em motores até 460 CV, introduzida em final de 2021 e baseada na mesma plataforma da G33CM, apresentada poucos meses antes. As duas caixas têm um invólucro mais compacto e em alumínio e, fisicamente, diferem ligeiramente em tamanho bem como em peso, 75 e 60 kg mais leves, respectivamente. Para cumprir um pré-requisito dos próximos regulamentos, são também mais silenciosas: até 3,5 db.
Ambas, foram equipadas com engrenagens ligeiramente maiores para serem mais duradouras e para poder permitir lidar tranquilamente com binários até: 2.500 Nm na G25CM e 3.300 Nm na G33CM — algumas fontes, garantem que esta caixa é capaz de suportar até 3.700 Nm.
— Uma curiosidade: o significado das siglas G25CM e G33CM é o seguinte: G = Gearbox; 25 = 2.500 Nm e 33 = 3.300 Nm; C = Crawler; M = Medium Duty —
São utilizados apenas 2 sincronizadores entre mudanças altas e baixas, contra os 7 da geração anterior. Eliminando sincronizadores, foi necessário rever completamente a gestão electrónica que gere os actuadores pneumáticos e os 3 eixos de transmissão.
Esta nova geração de caixas têm um excelente desempenho, proporcionam mudanças de relações suaves, mais rápidas e precisas, graças aos três travões de eixos, contribuindo para uma maior eficácia energética e uma redução de cerca 1% a 2% no consumo de combustível.
A lubrificação foi também completamente revista. O atrito mecânico foi reduzido em cerca de 50%. Para o conseguir foi decidido utilizar óleo MTF (Manual Transmission Fluid) de baixa viscosidade e transferir a maior parte do óleo num depósito situado no topo da caixa, evitando que as engrenagens ficassem constantemente expostas a óleo, reduzindo o borrifo de óleo no interior da caixa. A lubrificação e a refrigeração foram melhoradas e efectuadas através da pulverização de óleo nas áreas das engrenagens mais vulneráveis ao desgaste e com um volume de óleo variável.
O intervalo de manutenção com mudança de óleo é agora possível a cada 1 milhão de quilómetros.
Foram sobretudo preparadas para satisfazer as mais variadas necessidades e utilizações e estão disponíveis na versão Standard e na versão Performance.
Têm 14 relações, incluindo um Crawler (opcionalmente também um Super-Crawler) e o Overdrive, além de 8 velocidades de marchas-atrás (4 na versão Standard e 8 na versão Performance).
Nesta nova gama de caixas da Scania, para inverter o sentido da rotação, é utilizado o conjunto planetário do eixo de saída e a inversão é realizada bloqueando a coroa do conjunto planetário. Com esta solução é possível ter 8 relações de marchas-atrás a velocidades de até 54 km/h (opcional).
As relações da caixa G33CM que equipava o nosso camião de teste eram as seguintes: o Crawler tem uma relação de 20,81; na 1ª é de 16,16; a 12ª relação é directa; no Overdrive a relação é de 0,78. As relações da marcha-atrás são: R1 16,23; R2 12,60; R3 9,80; R4 7,61; R5 5,90; R6 4,58; R7 3,55; R8 2,75.
— Poder ter 8 velocidades de marchas-atrás é útil em camiões de estaleiro com báscula, que necessitam conduzir marcha-atrás em longas distâncias, como por exemplo em locais de construção de túneis e viadutos. —
Actualmente, a caixa G33CM pode ser combinada somente com o retarder R4700D, o qual foi também actualizado e melhorado. O novo R4700D tem uma potência máxima 500 kW e um binário máximo de 4.700 Nm a menos de 600 rpm do veio de transmissão.
Relativamente à PTO (Power Take-Off — tomada de força) e à G33CM, a Scania oferece uma variedade de 9 diferentes soluções de PTO inteligentes, especialmente desenvolvidas para satisfazer qualquer necessidade do cliente, independentemente da sua aplicação.
A PTO EG é accionada directamente pelo eixo de transmissão e lubrificada sob pressão com o óleo da caixa de transmissão.
A PTO EK é accionada pelo volante e constitui uma unidade separada, montada entre o motor e a caixa de velocidades. Estarão disponíveis 4 relações diferentes e a torre de saída pode ser montada em 3 posições diferentes.
O eixo traseiro Scania R756
O Scania R756, de redução única, define uma nova referência no que diz respeito ao desempenho dos eixos traseiros. Graças à ampla gama de rácio de transmissão de 1,95 a 4,11, o Scania R756 proporciona uma notável melhoria na eficiência da cadeia cinemática.
Este eixo traseiro, vem substituir as aplicações dos R665, R753 e parcialmente R780, tornando-se a solução para uma ampla gama utilizações em veículos com um peso bruto até 53 toneladas, desde o longo curso até os camiões de estaleiro e recolhas de resíduos.
O Scania R756 é 27 kg mais leve, comparativamente ao R780, mas em simultâneo mais robusto; a fricção interior foi também reduzida, utilizando rolamentos de com baixo atrito mecânico e melhorando a forma como era efectuada a lubrificação; enfim, a duração técnica de vida foi aumentada e os intervalos de serviço foram prolongados.
O Scania R756 contribui também ele para uma redução nos consumos de combustível, equivalente a cerca de 1%.
Depósitos de combustível e de AdBlue
Finalmente, mais um ponto muito trascurado e aparentemente pouco importante: o depósito de combustível.
Nos tradicionais depósitos há sempre uma quantidade de combustível que fica no fundo e não é utilizado, correspondendo a cerca de 10% a 13% do total — dependendo da capacidade do depósito, pode corresponder a cerca de 150 litros ou mais, num camião de longo curso. Isto significa que o peso deste combustível é retirado do peso da carga útil.
Para minimizar este desperdício, a Scania, aproveitando formato do novo chassis, desenvolveu um novo tanque de combustível, mais robusto e em alumínio, com a forma de um “D”, disponível em 3 tamanhos, denominados: alto, normal e baixo, com capacidades de 165 até 910 litros.
Com este novo tipo de tanque, a quantidade de combustível no fundo do tanque, é assim reduzida a menos de 3%, o que poderá corresponder em média ao máximo de 40 litros cerca.
Quando especificado com o Scania Super com motor de 13 litros, este novo tipo de tanque é equipado com a FOU (Fuel Optimisation Unit), uma unidade de optimização de combustível, colocada na lateral do tanque. A FOU permite utilizar ao máximo a quantidade de combustível contida no tanque e, por consequência, aumentar a autonomia do veículo, desfrutando realmente até à “última gota” o combustível à disposição. A FOU serve também para monitorizar o desempenho da bomba e detectar e filtrar impuridades, melhorar a performance do veículo e evitar inesperadas paragens para manutenção.
Para fazer frente ao aumento no consumo de AdBlue devido ao sistema Scania Twin SCR, também a capacidade do depósito SCR foi aumentada, tendo agora 2 tamanhos: 123 litros e 150 litros.
CONCLUSÃO DO TESTE
O Scania 500 S que testei, estava acoplado a um semitrailer aerodinâmico da Krone e o peso bruto do conjunto era de 40 t.
Com a duração de 1h cerca, o test-drive é sempre demasiado curto para ter uma impressão mais completa deste veículo. Mesmo assim, mais uma vez, foi muito positiva.
Muito interessante foi a utilização da 14ª relação, o overdrive, o qual a apenas 900 rpm, permitia viajar tranquilamente a 80 km/h. Uma óptima velocidade de cruzeiro para ter consumos realmente interessantes.
Todos os esforços das marcas têm como fim poupar combustível, o overdrive é um meio realmente eficiente para obter resultados efectivos.
Utilizar o Pulse & Glide é outra forma para reduzir os consumos.
A condução deste Scania 500 S foi extremamente agradável, uma óptima suspensão que proporcionou uma condução suave, num ambiente de luxo!