CONVERSA DIGITAL SOBRE AUTOMÓVEIS AUTÓNOMOS E CONECTADOS PROMOVIDA PELA SOCIEDADE COMERCIAL C. SANTOS
A Sociedade Comercial C. Santos promoveu, no dia 13, uma conversa digital sobre os automóveis autónomos e conectados. Com transmissão em direto nas redes sociais do concessionário Mercedes-Benz Trucks, a mais recente edição das SocTalks reuniu especialistas em tecnologia aplicada à condução. A conclusão foi de que os veículos autónomos terão uma chegada gradual e que isso irá contribuir para que haja uma transição confortável aos consumidores.
Dedicada ao tema “Automóveis autónomos e conectados: realidade presente e futura”, a conversa contou com a participação de Ana Filipa Sequeira, Assistant Researcher do INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência), Nuno Teixeira, Responsável de Engenharia de Software da Bosch, em Braga, e Aquiles Pinto, Relações Públicas da Sociedade Comercial C. Santos. A moderação coube a Susana Marvão, jornalista especializada em tecnologia, colabora com diversas publicações e Diretora da revista Business IT.
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Realidade em ambientes controlados
Ana Filipa Sequeira, que coordenou um projeto para a deteção de fadiga nos condutores, avisa que ainda há uma estrada longa a percorrer pela tecnologia. «Quando falamos de condução autónoma, já é uma realidade possível de implementar e de pôr em prática, mas em ambientes muito controlados. Vejo ainda um longo caminho a percorrer até podermos falar de uma condução autónoma generalizada».
O responsável de engenharia de software da Bosch em Braga dá conta de que a autonomização dos veículos já existe há décadas, mas que ainda há muito a evoluir. «Há muitos anos que há uma componente de condução autónoma. O ESP (electronic stability control), por exemplo, já foi introduzido há décadas nos veículos para aumentar a segurança e é uma tecnologia através da qual o condutor já deixa de, por breves momentos, ter o controlo do veículo», começou por referir Nuno Teixeira.
Cinco graus de condução autónoma
O especialista avisa, porém, que, no sentido mais lato da condução autónoma, é importante conhecer quais os cinco níveis de condução autónoma definidos pela SAE – Sociedade Internacional de Engenheiros de Automóveis. Estes vão desde o nível 0 (sem qualquer tipo de automação) até ao nível 5 (automação completa). Os níveis já presentes no mercado vão até ao nível 2, em que há assistência à condução.
A Mercedes-Benz foi a primeira marca a obter (na Alemanha) um certificado que lhe confere autorização para oferecer funcionalidade de nível 3. Isto significa condução totalmente autónoma nalguns troços de autoestrada, podendo o condutor tirar as mãos do volante e monitorizar, intervindo apenas em determinadas circunstâncias.
«Nos próximos anos haverá mais sistemas deste género a serem disponibilizados ao público», explica Nuno Teixeira, antes de indicar que os estudos apontam para que os sistemas deste nível surjam «em meados desta década» e os primeiros modelos de condução de facto autónoma de nível 4 e 5 «apenas comecem» a chegar à fase de produção na próxima década. «A complexidade é muito grande. Há muitos cenários que têm de ser contemplados e a validação desses sistemas exige muitos recursos. Além disso, garantir o enquadramento legal para dar confiança ao consumidor é essencial para conseguir trazer estes sistemas efetivamente para a estrada». De notar que a Bosch Portugal tem em curso um roadshow desta tecnologia a decorrer nalgumas cidades nacionais, o Road2Bosch.
Máquinas aprendem com ser humano
O relações públicas da Sociedade Comercial C. Santos afirmou que «há vários tipos de consumidor» e que o setor automóvel «tem de estar preparado» para continuar a dar resposta a diferentes necessidades. «Há consumidores que continuam a preferir veículos com menos tecnologia, mas, de uma forma geral, a tecnologia é bem absorvida pelos utilizadores, sobretudo em situações em que esta aumenta o conforto e a segurança».
Sobre a perfeição da tecnologia, Ana Filipa Sequeira explica que o ser humano ainda é mais desenvolvido. «Quando entra um fator de imprevisibilidade e de incerteza, as máquinas ainda não estão ao nível humano. Por isso é que as tecnologias que tentamos desenvolver se baseiam em machine learning, ou seja, aprendizagem automática, que é, precisamente, para termos sistemas que aprendem com a experiência».
Coexistência sem interação
Nuno Teixeira refere que «há estudos que demonstram que o aumento da condução autónoma pode contribuir para uma melhoria de 90% da segurança rodoviária». O especialista avisa, porém, «que estes sistemas demoram a ser desenvolvidos» e que «por isso é que nesta fase é importante haver a redundância do condutor, para garantir que em caso de falha o sistema dê o sinal ao condutor para que este assuma o controlo».
Para o responsável de engenharia de software da Bosch em Braga a coexistência entre veículos autónomos e veículos não autónomos, bem como utilizadores vulneráveis das estradas, como peões e ciclistas, entre outros, «é um problema complexo de lidar». A mesma fonte acrescenta que essa questão, desde logo em termos de regulamentação, é importante para os vários tipos de veículos, mas também pelo grau de desenvolvimento de diferentes países e, até, regiões dentro de um mesmo país. Os três participantes creem que, ao longo dos próximos anos e décadas, haverá coexistência entre veículos de diferentes graus de autonomização, mas em vias separadas, sem interação total quando a tecnologia for muito díspar.
Source: Soc. C. Santos